terça-feira, 5 de outubro de 2010

Slow Food: a importância de uma alimentação saudável

Segundo o líder da rede em Campinas, a origem dos alimentos é a primeira preocupação da ideologia

Bruna Marin

Tempo e saúde. Duas palavras que não combinam no dia-a-dia das pessoas do século atual, afinal o homem vive em uma sociedade que não para um só minuto. Mas será essa a vida que as pessoas têm planejado para si? Para ter uma vida saudável, o ser humano precisa se alimentar bem, no entanto poucas pessoas param para pensar de onde vieram os alimentos que estão consumindo, como foram tratados e por qual motivo foram comercializados e chegaram às mesas de suas casas.


A filosofia consegue adeptos apenas por meio da
produção de livros e divulgação de vídeos na internet
O Slow Food é uma ideologia que acredita que os alimentos devem ser repensados na visão do produtor e do co-produtor. O primeiro, é quem produz e o segundo, por sua vez é quem consome. “Nós comemos e não sabemos se o alimento foi feito pensando para cada ser humano, ou se foi vendido a uma indústria, para daí sim ser comercializado. Não há mais a preocupação com a saúde e a vida das pessoas”, explica Mário Firmino Líder do Convívio Slow Food Campinas.

Fundado em 1989, na Itália, pelo jornalista Carlos Petrini com intuito de contrastar os efeitos do Fast Food e do ritmo acelerado da vida, o conceito de comida devagar surgiu com a intenção de conscientizar as pessoas de que o importante são os nutrientes dos alimentos e a exaltação de diversos sabores. “Hoje em dia os alimentos não fazem bem para a saúde e têm sabores homogêneos, puro reflexo da correria da vida atual”, completa Mário.

Presente em mais de 150 países, a filosofia acredita no bom, no limpo e no justo, ou melhor na ecogastronomia. Bom porque a dieta fresca e rica em sabores é capaz de satisfazer os sentidos do ser humano, sempre respeitando a cultura local. Limpo, porque é produzido respeitando o meio ambiente e a saúde humana; e justo devido aos preços acessíveis e pagamentos justos aos pequenos produtores.

“É muito importante que as pessoas reflitam sobre os seus hábitos. Por exemplo não condenamos o consumo de carnes, mas acreditamos que não devemos comer a grande quantidade a qual estamos acostumados. Para nós também é preciso saber de que forma o animal foi criado, sem maus tratos e com uma boa alimentação”, afirma Margarida Nogueira adepta e líder do Convívio do Rio de Janeiro.

Confira no vídeo abaixo a entrevista feita com Mário Firmino e saiba quais são os benefícios do Slow Food para a saúde e para o meio ambiente.



Curiosidades

Há três conceitos básicos para a filosofia: a comunidade, a arca do gosto e as fortalezas. No Brasil, o exemplo dado por Mário Firmino é o do Caranguejo Aratu, exclusivo do sul de Sergipe e que está presente em uma fortaleza. Ele é uma especiaria do nordeste produzida de uma forma extrativista, na qual não há criatórios e são criadas no manguezal. A carne é tirada manualmente nessas comunidades quilombolas e oferecida a preços cada vez menores ao longo do dia.


Entenda esses conceitos:

- Comunidades: defendem o preparo e a receita especifica ou um determinado ingrediente, seja uma planta ou um animal.

- Arca do gosto: qualquer produto que corre o risco de desaparecer de uma região, é colocado simbolicamente em uma arca para ajudar na preservação, “como se fosse uma Arca de Noé”. Quando um produto vai parar na arca do gosto, o Slow Food passa a divulgar mais intensamente este produto internacionalmente, virando alvo de reportagens e de alguma forma conscientizando a população.

- Fortaleza: Se ainda assim o produto correr um risco muito maior por questões socioeconômicas por exemplo, culturais ou de qualquer outra ordem, este preparo, ingrediente ou produto é elevado à categoria de fortaleza. Com isso pode até receber apoio financeiro de instituições que ajudam o Slow Food.

Na Transilvânia, nas encostas dos Montes Cárpatos, os pastores se sustentam ainda graças à produção de queijo elaborado a partir do leite das ovelhas das raças tradicionais Turcanan e Tigae. Para tornar o Bânzá de Burduf um dos queijos romenos mais extraordinários e mais apreciados, os pastores envolvem o Cas – queijo – fresco na casca dos pinheiros. A fortaleza foi criada em 2006 para ajudar os produtores deste queijo tradicional e para proteger as florestas, fundamentais para a produção.







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